A América Latina como Destino dos Imigrantes: Brasil e Argentina (1870-1930)

AutorAndré Luiz Lanza - Maria Lucia Lamounier
CargoMestre pelo Programa Interunidades em Integração da América Latina (PROLAM/USP) - Doutora, Professora Associada da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de da Universidade de São Paulo (Campus Ribeirão Preto)
Páginas90-107
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DOI: 10.11606/issn1676-6288.prolam.2015.102283
A AMÉRICA LATINA COMO DESTINO DOS IMIGRANTES:
BRASIL E ARGENTINA (1870-1930)
LATIN AMERICA AS A DESTINATION TO IMMIGRANTS:
BRAZIL AND ARGENTINA (1870-1930)
André Luiz Lanza(*)
Universidade de São Paulo, São Paulo (SP), Brasil
Maria Lucia Lamounier(**)
Universidade de São Paulo, São Paulo (SP), Brasil
Resumo: O presente artigo analisa comparativamente a imigração para o Brasil e Argentina
entre 1870 e 1930, apresentando dados sobre o fluxo migratório e motivações que levaram os
estrangeiros a escolher os dois países como destino. Para a confecção do trabalho, colhemos
dados de censos, relatórios ministeriais e anuários estatísticos além da bibliografia pertinente.
Os imigrantes representavam a solução para a falta de braços para as lavouras e o agente moder-
nizador das sociedades; os fluxos migratórios estavam relacionados com o desempenho econô-
mico dos dois países. No Brasil, a imigração subsidiada teve grande importância; na Argentina,
prevaleceu a imigração espontânea.
Palavras-chave: Imigração; Brasil; Argentina.
Abstract: The present paper analyzes comparatively immigration to Brazil and Argentina be-
tween 1870 and 1930, presenting data related to the migration flow and the motivations that
led foreigners to choose both countries as their destination. To the sweet of this paper, data
were collected from censuses, ministerial reports and statistical yearbooks besides the pertinent
bibliography. Immigrants represented the solution to the lack of arms to the harvests and the
agent that would come to modernize their societies; the migration flows were related to the
economic performance of both countries. In Brazil, subsided migration had great importance;
in Argentina, spontaneous migration prevailed.
Key-words: Immigration; Brazil; Argentina.
(*) Mestre pelo Programa Interunidades em Integração da América Latina (PROLAM/USP). E-mail:
com>.
(**) Doutora, Professora Associada da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de da Universidade de São
Paulo (Campus Ribeirão Preto); Professora do Programa Interunidades em Integração da América Latina, da Univer-
sidade de São Paulo. E-mail: . Recebido em: 15.02.2015; aceito em: 29.06.2015.
A América Latina como Destino dos Imigrantes: Brasil e Argentina (1870-1930)
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1 INTRODUÇÃO
Quando se estuda o período entre 1870 e 1930, diversos temas emergem com fre-
quência na literatura relevante para a América Latina. O começo do desenvolvimento
econômico com a expansão das economias primárias voltadas para o mercado externo,
os países latino-americanos na rota internacional do comércio, o desenvolvimento da in-
fraestrutura, a urbanização, as mudanças políticas e sociais diversas e a chegada massiva
de imigrantes formam parte dos acontecimentos que marcaram o período. A América
Latina foi um importante destino para os emigrantes no período das grandes migrações.
O período foi marcado por grandes transformações sociais e econômicas, não só na re-
gião como no mundo como um todo que, em maior ou menor grau, influenciaram na
vinda de estrangeiros para o continente.
No presente artigo, nos propomos a fazer uma análise da imigração para o Brasil e
para a Argentina no período mencionado, apresentando dados sobre o fluxo migratório
e as motivações que levaram os estrangeiros a escolher os dois países como destino.
Ambos foram os destinos mais recorrentes dos imigrantes e ambos apresentaram um
desenvolvimento econômico-social similar durante esses sessenta anos entre o final do
século XIX e começo do século XX.
O trabalho encontra-se dividido em três seções, além desta introdução e das consi-
derações finais. A primeira seção apresenta um panorama geral da imigração para a Amé-
rica Latina, dando destaque para Brasil e Argentina. A segunda seção analisa a imigração
para o Brasil e, mais especificamente, para o estado de São Paulo, principal destino dos
estrangeiros dentro do país, buscando identificar o que motivou os estrangeiros a es-
colherem o Brasil como seu destino final. A terceira seção explora o tema da imigração
na Argentina, analisando o que pode ter levado os imigrantes a se dirigirem ao país
platino. Para a confecção deste trabalho, além da bibliografia levantada, fizemos uso de
Relatórios da Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Estado de São Paulo
(RSASP), Censos Generales de la Ciudad de Buenos Aires (CGCBA) e anuários estatísticos
relevantes.
2 A IMIGRAÇÃO PARA A AMÉRICA LATINA: UM PANORAMA
O início do século XIX e primeiras décadas do século XX foram marcados por um
imenso deslocamento populacional entre o Velho e o Novo Continente. A cifra exata da
quantidade de imigrantes que partiram da Europa com destino às Américas é incerta(1);
no entanto, estima-se que entre 42 e 60 milhões de europeus deixaram o continente nes-
se período, impulsionados por diversos fatores como a melhoria nos meios de transporte
e comunicação no século XIX, à busca por melhores condições de vida, oportunidades
(1) Cifras diversas foram apresentadas por vários autores na tentativa de estimar a quantidade total de emigrantes que
deixaram a Europa no período. Essas variações ocorrem devido a discrepâncias diversas nos registros das partidas nos
países de origem e das entradas nos países de destino. A definição de imigrante nos registros oficiais e o fenômeno da
re-emigração entre os destinos e também o fenômeno da migração temporária. Ver por exemplo Rosoli (1992); Klein
(2000); Rapoport (2000); Sanchez-Alonso (2007); Gonçalves (2008).
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de emprego e como alternativa à realidade existente nos países de origem. Muitos imi-
grantes partiam com o ideal de se tornarem proprietários de terra na América; muitos
em busca de trabalho assalariado, fosse este permanente ou temporário; e outros partiam
fugidos de perseguições religiosas ou guerras.
Segundo Klein (2000, p. 13), a questão básica que envolve o fenômeno da migração
está no “peso dos fatores de expulsão ou de atração e a maneira como se equilibram”. Para
o autor, as condições econômicas constituem o fator de expulsão mais importante, na
medida em que afetam diretamente a sobrevivência das famílias. Ainda, segundo o au-
tor, três fatores combinados originaram as grandes migrações europeias nos séculos XIX
e XX, época em que chegaram ao Novo Mundo mais de dois terços dos imigrantes. O
autor destaca o acesso à terra para sustento próprio, a variação da capacidade produtiva
da terra e o número de membros de uma mesma família que precisa ser mantido por um
mesmo lote de terra (KLEIN, 2000, p. 12-13).
O crescimento exponencial da população do continente europeu, a partir do século
XVIII, aliado à queda progressiva da mortalidade (fenômeno conhecido como “transição
demográfica”), com o tempo, passou a exercer pressão sobre o setor agrícola dos países
europeus. Essas mudanças dificultaram o acesso à terra pelas populações camponesas,
aumentando a quantidade de pessoas a serem mantidas com a produção de um mesmo
lote de terra. O número de minifúndios diminuía enquanto o de latifúndios aumentava
com rapidez. Os camponeses, que anteriormente viviam numa agricultura de subsis-
tência, se viram obrigadas a trabalhar para outros proprietários de terras (KLEIN, 2000,
p. 14-16).
A terra deixava então de ser o meio de vida tradicional do mundo rural europeu,
baseado na produção camponesa, e passava a ter uma nova função como fator de produ-
ção e fonte de capital, destinada à produção em larga escala (GONÇALVES, 2008, p. 20).
Como afirma o autor, “no momento em que os campos europeus entravam em fase acelerada
de desarticulação, a América aglutinou a gigantesca dilatação do mercado de trabalho, apre-
sentando-se como imenso território de reserva para numerosos e famélicos contingentes do
Velho Mundo” (GONÇALVES, 2008, p. 21). Com a revolução agrícola e a mecanização da
agricultura, muitos perderam seus empregos no meio rural e as dificuldades financeiras
atingiram grande número dos trabalhadores rurais europeus, expulsando-os para o meio
urbano. As cidades eram vistas como alternativas à imigração rural e a habilidade das
cidades em absorver esse excedente de população rural determinava a taxa de imigração.
Isso implicava que, em um cenário onde todos os demais fatores permaneciam
constantes, quanto mais alto o grau de urbanização e industrialização, menor a taxa de
imigração. Outra implicação residia numa queda na taxa de emigração caso a taxa de ur-
banização e industrialização aumentassem (BAINES, 1994, p. 537). Petrone (1997) tem
visão semelhante, afirmando que “as grandes migrações transoceânicas dos séculos XIX e
XX constituem (...) um aspecto do movimento demográfico da Europa em que a urbanização
e a industrialização desempenham papel relevante” (PETRONE, 1997, p. 95).
Enquanto na Europa a terra era cara e a mão de obra barata, na América, ocorria o
inverso: havia terra em abundância e escassez de mão de obra. Klein (2000, p. 22) delega
à possibilidade de aquisição de terras um grande peso como fator de atração de imigrantes
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para as Américas. Segundo Rapoport (2000), no geral, há certo consenso entre os auto-
res de que os imigrantes trabalhadores se dirigiam para os destinos cuja quantidade de
recursos oferecidos era maior que em suas pátrias. A terra abundantemente disponível,
a agricultura de exportação em ascensão e a escassez de mão de obra para trabalhar em
atividades relacionadas ao setor aliados aos salários mais altos em comparação à Europa
tornaram-se o chamariz de imigrantes para os países da América Latina.
Segundo Sanchez-Alonso (2007, p. 398), até o último quartel do século XIX, a ins-
tabilidade política das novas repúblicas latino-americanas, a baixa demanda por trabalho
livre na maioria dos países que possuíam uma grande população ou faziam uso do tra-
balho escravo, alto custo das passagens transatlânticas, clima e geografia desfavoráveis
do interior dos países, além das características políticas e culturais não atrativas ajudam
a explicar o porquê a América Latina permanecia como um destino marginalizado para
os imigrantes perante os Estados Unidos.
Nas últimas décadas do século XIX, esse cenário mudou. As mudanças tecnológicas
no final do século XIX foram importantes fatores no fluxo migratório internacional. A
substituição dos barcos a vela pelo transporte a vapor, a instalação de cabos telegráficos
transatlânticos e o surgimento e expansão das redes ferroviárias durante a segunda me-
tade do século XIX tornaram os transportes e as comunicações entre América e Europa
mais rápidos, eficientes e com menor custo. Klein (2000) afirma que “após 1870 os fluxos
migratórios e as condições econômicas na América estavam estreitamente relacionadas. Infor-
mações sobre as condições de emprego, em especial, estavam agora prontamente disponíveis
em poucas semanas, nos principais países europeus de emigração” (KLEIN, 2000, p. 23).
Novas tecnologias permitiam a exportação de produtos perecíveis a longas distân-
cias. Tais mudanças levaram os países da América Latina às rotas do comércio mundial.
Não só a mobilidade de capital se tornou possível, mas, também, ocorria com maior
frequência, a mobilidade do fator de produção trabalho entre os continentes. Além das
mudanças tecnológicas, depois de 1870 com a estabilidade política e, desde as décadas
de 1850 e 1860, com o crescimento das políticas visando à atração de imigrantes estran-
geiros, a América Latina passou a ter mais visibilidade na rota mundial de imigração.
Mais de 13 milhões de imigrantes entraram no continente entre 1870 e 1930, sendo que
90% desse total tiveram como destino a Argentina, o Brasil, o Uruguai e Cuba (SAN-
CHEZ-ALONSO, 2007, p. 398-399).
Rosoli (1992) afirma que, até a Primeira Guerra Mundial, 11 milhões se dirigiram
para a América Latina dos quais 38% eram italianos, 28% espanhóis, 11% portugueses
e 3% franceses e alemães. Desses 11 milhões, 46% se destinaram à Argentina, 33% ao
Brasil, 14% foram para Cuba e 3% para o México (ROSOLI, 1992, p. 03).
Sanchez-Alonso (2007) afirma que quase todos os governos latino-americanos ten-
taram de alguma forma atrair trabalhadores estrangeiros, buscando prevenirem-se con-
tra uma possível falta de mão de obra em setores específicos das economias nacionais.
Alguns governos acreditavam também que a imigração de “europeus culturalmente supe-
riores” contribuiria para a modernização econômica e social de seus países (SANCHEZ-
-ALONSO, 2007, p. 398).
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Brasil e Argentina são os melhores exemplos da influência dessas mudanças em
suas economias e sociedades (CONDE, 1968, p. 71-72; KLEIN, 2000, p. 23). Até 1870,
ambos os países eram caracterizados por amplos vazios populacionais e população escas-
sa e concentrada no litoral. Durante todo o século XIX, a necessidade de povoar territórios e
encontrar mão de obra para sustentar o desenvolvimento da agricultura agroexportadora
norteou os debates governamentais sobre o fomento da imigração nos dois países.
Além de ser uma solução para a falta de braços nas lavouras e para o povoamento de
territórios, nos dois países, a imigração era vista como o caminho para o progresso, para
a modernização da sociedade e para o branqueamento da população. A partir de 1870 até
1930, os dois países foram os que mais receberam imigrantes na América Latina. Nesse
período, a política de subsídios, custeando as passagens transatlânticas, hospedagem e
colocação nas fazendas de café, foi implantada com sucesso no estado de São Paulo. Na
Argentina, as políticas liberais de atração de imigrantes e os altos salários pagos nas épo-
cas de colheitas do trigo e milho também tiveram êxito em atrair estrangeiros. Os dois
países juntos receberam quase 80% do total dos que imigraram para a América Latina
até 1930.
Entre 1870 e 1930, mais de 4.100.000 estrangeiros entraram no Brasil no período;
cerca de 6.200.000 imigrantes se dirigiram para a Argentina. Um grande número desses
imigrantes se estabeleceu no estado de São Paulo e na província de Buenos Aires e tiveram
contribuição direta para o crescimento da população, para a ampliação do mercado de
trabalho rural e urbano e para o desenvolvimento da urbanização e da industrialização.
3 A IMIGRAÇÃO NO BRASIL
No Brasil, as pressões para o fim do tráfico de escravos e a abolição da escravidão
ao longo do século XIX, a expansão das fronteiras agrícolas concomitantemente com a
expansão das ferrovias, interligando as regiões produtoras com os centros consumidores
e exportadores, a expansão cafeeira, dinamizando a economia do país ao longo da segun-
da metade do século XIX e ganhando força no final do século, e a falta de braços para a
lavoura foram fatores que, interligados, culminaram na entrada massiva de imigrantes
no país e, principalmente, em São Paulo.
As primeiras ideias sobre a promoção da imigração livre para o Brasil ocorreram
logo no início do século XIX, com a formação de núcleos coloniais. No decorrer da
primeira metade daquele século, outras políticas foram propostas, visto que os núcleos
coloniais não estavam dando os resultados esperados. Em 1850, foram aprovadas as leis
sobre o fim do tráfico internacional de escravos e sobre as terras devolutas; esperava-se
com isso, melhores resultados nas políticas de imigração. Na mesma década, ocorreram
as primeiras experiências com trabalhadores livres em fazendas cafeeiras paulistas, na
forma das colônias de parcerias, sem muito sucesso.
O movimento abolicionista das décadas seguintes pôs em evidência a urgência em
se conseguir um substituto para os escravos nas lavouras. Nos anos 1870, o governo de
São Paulo passou a intervir mais ativamente no fomento à imigração. Na década de 1880,
uma política imigrantista foi implantada e, em 1886, tem-se o começo da imigração
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subsidiada para São Paulo. A política de subsídios foi responsável por grande parte das
entradas de imigrantes até 1930.
Para Fausto (1986), a imigração para o Brasil dependeu de fatores como as condi-
ções sociais e econômicas no país de origem, a conjuntura internacional e do estado da
economia brasileira, principalmente, da economia cafeeira. O período de 1890 a 1900
foi o de maior entrada de imigrantes tanto no Brasil quanto em São Paulo. A crise econô-
mica e a recessão na Itália entre 1885 e 1895 estimularam a emigração, especipalmente
dos povos do norte.
A Argentina e os Estados Unidos, dois destinos mais procurados pelos imigrantes,
estavam em recessão desde o começo da década de 1890. Nessa mesma época, a rápida
expansão da produção cafeeira, o aumento da demanda por mão de obra e o temor das
consequências da extinção recente da escravidão estimularam as políticas de atração de
imigrantes. Os subsídios oferecidos aos estrangeiros em forma de passagens gratuitas
atraíram cerca de 80% dos imigrantes que entraram em São Paulo no período.
Na década de 1890, entraram em São Paulo 735.076 imigrantes dos quais 596.004
eram subsidiados. Essa década representou o ápice da imigração subsidiada. Duran-
te todo o período analisado, entraram no estado 2.561.981 imigrantes, sendo que
1.151.389 se beneficiaram dos subsídios oferecidos pelo governo paulista. A partir
do início do século, a imigração espontânea ganha força e passa a predominar sobre
a subsidiada. Isso pode ser explicado pelos decretos nos países europeus proibindo a
imigração subsidiada para São Paulo, pela melhor organização dos serviços de imi-
gração em São Paulo e por uma melhor propaganda no exterior para a atração dos
estrangeiros (LANZA, 2015, p. 88).
Segundo Petrone (1997, p. 108), os incentivos econômicos nas fazendas cafeeiras e
no meio urbano funcionavam como fatores de atração para os imigrantes espontâneos.
A autora afirma também que boa parte desses imigrantes eram formados por artesãos
ou trabalhadores industriais que desejavam estabelecer-se no meio urbano. Holloway
(1984, p. 84) também afirma que é bem provável que essa massa de imigrantes espontâ-
neos tenha se dirigido para o crescente mercado de trabalho na zona urbana.
O final dos anos 1890, e o começo dos anos 1900 foram marcados pela superprodu-
ção cafeeira e, crise no setor, culminando no Convênio de Taubaté em 1902, que limitou
a plantação de novos pés de café. No mesmo ano, na Itália, o Decreto de Prinetti proibiu
a imigração subsidiada para o Brasil, em virtude dos casos de maus-tratos e péssimas
condições de vida dos imigrantes nas fazendas de café de São Paulo, o que levou a uma
queda na entrada de imigrantes no país e a saldos negativos na imigração dos anos se-
guintes. A recuperação desse fluxo se deu na segunda metade da década de 1900 e atingiu
o apogeu nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial, quando novamente o fluxo se
viu interrompido. Nos anos de 1920, o fluxo migratório que se orientou para o país não
ocorreu motivado pela economia cafeeira. Conforme observa Fausto (1986), “nas áreas
rurais de São Paulo e do sul do país, havia muito mais possibilidades para os pequenos produ-
tores dedicados à produção de alimentos”. Além disso, houve uma reorientação no destino
dos imigrantes, que agora se dirigiam para as grandes cidades (FAUSTO, 1986, p. 782).
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Para Hall (1979, p. 202), não há dúvida de que as origens da imigração em grande
escala estão “intimamente relacionadas à questão da escravidão. Embora frequentemente se
diga que a abolição tornou possível a migração em massa, provavelmente a relação oposta
está mais próxima da verdade”. Apesar de polêmica, a afirmação de Hall destaca o papel
da imigração para a transformação das relações de trabalho nas fazendas de café paulista.
A partir de meados da década de 1880, com o agravamento das fugas em massa e
ameaças de desordem por parte dos escravos, a política de subsídios do governo provincial
paulista apresentou os primeiros resultados. Já, de acordo com Holloway (1984, p. 61),
o que impulsionou a imigração para o Brasil e para São Paulo não foram as condições de
vida no país de origem – crise econômica ou pressão demográfica – mas sim o fim do sis-
tema escravista no Brasil. Para Stolcke e Hall (1983), a imigração subsidiada permitiu aos
cafeicultores abolirem a escravidão sem incômodos e o esquema, aliado à alta dos preços
do café, permitiu a expansão do cultivo e da produção (STOLCKE; HALL, 1983, p. 107).
Entre 1870 e 1886, entraram, em média, 24.200 imigrantes no Brasil por ano. En-
tre 1886, início da imigração subsidiada, até 1894, as entradas médias anuais foram
de quase 100.000 estrangeiros. No período de 1895 a 1897, entraram mais de 145.000
estrangeiros por ano no país. De 1911 a 1913, esses números variaram entre 135.000 e
190.000 imigrantes anuais. Ainda que a década de 1920 tenha apresentado uma nova
onda de imigração, principalmente, de 1923 a 1927, apenas o ano de 1926, registrou
uma entrada superior a 100.000 imigrantes (LANZA, 2015, p. 82). Dados do Anuário
Estatístico do Brasil para o ano de 1936, mostram que de 1886 a 1935 entraram no país um
total de 4.012.642 estrangeiros. Desse total, mais de 1,3 milhão eram italianos, 1,1 milhão
de portugueses e 578.000 espanhóis, sendo essas três nacionalidades responsáveis por
mais de 77% do total de imigrantes que o Brasil recebeu no período (INE, 1936, p. 76).
Conforme os imigrantes chegavam nas lavouras de café e os problemas com a po-
pulação escrava aumentavam, os fazendeiros se convenciam da qualidade superior do
trabalhador estrangeiro e puderam tranquilamente substituir os escravos pelos imigran-
tes, principalmente, os italianos. De acordo com Hall (1979, p. 202), estimava-se que
cerca de 50.000 escravos eram necessários para a agricultura em São Paulo na década
de 1880. Antônio Prado, um dos arquitetos da política paulista de imigração, anunciava
no Senado brasileiro em maio de 1887 que entre 60.000 e 70.000 imigrantes já haviam
sido colocados nas fazendas cafeeiras até aquela data, afirmando que o limite de absorção
dessa mão de obra estava sendo atingido. Ainda, segundo Hall (1979), os fazendeiros
receberam com prazer a abolição (HALL, 1979, p. 202).
As pressões exercidas por parte dos cafeicultores perante o governo de São Paulo,
diante do temor da falta de braços para as lavouras, fizeram com que fosse instituído o
sistema de subsídios de passagens aos imigrantes. Essa subvenção assegurou a entrada
contínua de estrangeiros até ao final da década de 1920 ao custear o transporte transa-
tlântico e prover infraestrutura para o recebimento dos estrangeiros.
Até 1886, ano de início do sistema de subsídios paulista, São Paulo havia recebido
apenas 53.055 imigrantes. Entre 1872 e 1875, somente 6,26% do total de imigrantes en-
trados no Brasil se dirigiram para o Estado de São Paulo. No período seguinte, de 1876
a 1880, esse percentual foi de 5,35%. Nos anos de 1881 a 1885, período imediatamente
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anterior ao começo dos subsídios, a porcentagem de imigrantes entrados em São Paulo
já apresentava aumento, correspondendo a 16,28% do total de entrados no país.
De 1882 a 1886, vieram ao Estado, em média, 6.000 estrangeiros por ano(2). Segun-
do Vasconcellos (1941, p. 05), depois da Constituição de 1891 ter concedido aos estados
a liberdade para legislarem sobre a imigração, de modo a promovê-la levando em conta
com as necessidades de cada Estado, o Governo da União, que até então promovia a in-
trodução de estrangeiros em território nacional, deixou de fazê-lo. Depois dos primeiros
anos da República, observou-se uma expressiva alteração do fluxo migratório dirigido
aos diversos estados. São Paulo, que em 1878 havia recebido apenas 9,2% dos imigrantes
que entraram no país e 17,1% em 1883, recebeu 67% do total em 1887 e 84,1% em 1901.
Segundo Vasconcellos (1941):
esse fato é explicável porque entre todas as Províncias foi a de São Paulo a que, no regime
imperial, a fim de fazer face à crise do trabalho agrícola provocada pela emancipação pro-
gressiva dos escravos, resolveu seguir a experiência realizada pelo Governo Central orga-
nizando, com clarividência, os serviços de imigração e promovendo, com os seus próprios
recursos, a introdução de imigrantes. Essa política de larga visão deu resultados extraordi-
nariamente compensadores, pois evitou que o Estado sofresse prejuízos com a emancipação
total do escravo em 1888 e, depois, concorreu para o seu desenvolvimento vertiginoso na
República, quando aumentou o fomento à imigração invertendo, para esse fim, verbas con-
sideráveis (VASCONCELLOS, 1941, p. 05).
Tabela 01 – Entrada de Imigrantes no Brasil e em São Paulo até 1930
Período
Imigrantes
entrados no
Brasil
Imigrantes
Entrados no
Estado de São
Paulo²
Imigrantes
Subsidiados
em São Paulo
Imigrantes
Espontâneos
em São Paulo
Não especifi-
cados em São
Paulo
Até 1889 624.9592205.608 22.886 5.007 177.715
1890-1899 1.198.325 735.076 596.004 139.072 -
1900-1909 623.405 388.708 164.384 224.324 -
1910-1919 815.453 480.509 186.383 294.117 -
1920-1930 909.317 752.080 181.732 530.704 -
Total 4.171.459 2.561.981 1.151.389 1.193.224 177.715
Fontes: SÃO PAULO, Secretaria dos Negócios da Agricultura, Indústria e Comércio do
Estado de São Paulo. Relatórios, vários anos. LEVY, M. S. F. O papel da migração interna-
cional na evolução da população brasileira (1872-1972). Revista de Saúde Pública, São
Paulo, v. 8, complemento, pp. 71-72, 1974(1). Referente aos anos de 1872 a 1889; para
São Paulo, começa-se a série em 1827;(2) Entrada de imigrantes de terceira classe via porto
de Santos, outros portos e estradas de ferro.
(2) Os dados apresentados foram retirados de SÃO PAULO, Secretaria dos Negócios da Agricultura, Indústria e Commercio
do Estado de São Paulo. Relatórios, vários anos; e Levy (1974, p. 71-72).
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Durante todo o período de vigência da imigração subsidiada, entre os anos de 1886
e 1928, o estado de São Paulo recebeu cerca de 59% dos estrangeiros que entraram no
país, havendo picos como no período de 1901 a 1905 quando quase 70% deles se diri-
giram ao estado. Vasconcellos (1941, p. 6) afirma que a razão pela qual a maior parte da
corrente imigratória ter se dirigido a São Paulo foi “o estímulo crescente dado pela admi-
nistração paulista à introdução de imigrantes” diante do “pequeno interesse demonstrado
pelo Governo da União, de 1896 em diante, pelo desenvolvimento da imigração”. A Tabela 01
congrega os dados da entrada de imigrantes no Brasil e em São Paulo até 1930.
Os Relatórios da Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Estado
de São Paulo (RSASP)(3), apresentados pelos Secretários da Agricultura ao Presidente do
Estado, para cada ano em que foram publicados, trazem comentários sobre os resultados
da imigração. O Relatório apresentado ao Presidente do Estado pelo Secretário da Agri-
cultura, Dr. Theodoro Dias de Carvalho Jr., em 1895, relaciona as baixas entradas daquele
ano à suspensão dos embarques em agosto de 1893, por causa do aparecimento da cólera
na Hospedaria de São Paulo, e que continuou até o reestabelecimento da paz procedente
à Revolta da Armada de 6 de setembro de 1893. Isso levou ao não embarque de imigran-
tes europeus nos meses de inverno na Europa onde a procura de trabalho por parte dos
trabalhadores rurais era maior (RSASP, 1896, p. 36). A imigração apresentou resultados
melhores nos anos seguintes, mas as entradas voltaram a cair em 1898 e 1899. O Relatório
de 1898 apontou como causas para essa queda os embaraços criados na Áustria, e na Espa-
nha para a saída de imigrantes e as condições da economia brasileira (RSASP, 1898, p. 45).
A partir de novembro de 1898, a peste bubônica em Santos contribuiu para que as
entradas e saídas ocorressem pelo porto do Rio de Janeiro e isso se refletiu nas menores
ingressos registrados em 1899, ano desfavorável ao movimento imigratório. A entrada
de passageiros foi a menor registrada dos últimos seis anos até aquele momento, assim
como a de imigrantes subsidiados. A imigração espontânea por primeira vez excedeu a
subsidiada (RSASP, 1899, p. 68-70). O Relatório de 1899 atribui também a diminuição
das entradas dos imigrantes subsidiados naqueles últimos dois anos às condições con-
tratuais da imigração e à crise da agricultura no período:
Com efeito, pagando o Estado a passagem somente aos imigrantes agricultores, depois de
verificada essa condição na Hospedaria, é bem claro que as dificuldades que assoberbam a
lavoura não são propícias para avolumar a vinda de braços para ela, assim como, exigindo
a fiscalização rigorosa dos contratos, que sejam glosados as passagens dos imigrantes não
agricultores, à medida que as glosas tomam maior vulto os contratantes veem-se obrigados a
maiores cautelas para não concederem passagem a imigrantes que, ao embarcarem se dizem
agricultores e aqui chegados declaram-se artistas, o que, de certo, obrigando a uma maior
seleção por parte dos agentes não pode fazer avultar os embarques (RSASP, 1899, p. 79).
Entre 1901 a 1920, as quantidades de imigrantes que entraram no estado sofreram
flutuações. Nessas duas décadas, São Paulo recebeu mais de 820.000 imigrantes vindos
do exterior. Em 1901, entraram 70.348 estrangeiros. Nos anos seguintes, as entradas
(3) SÃO PAULO. Secretaria da Agricultura, Commercio e Obras Públicas. Relatório da Agricultura. Referiremo-nos aos
diversos relatórios da Secretaria da Agricultura pela sigla RSASP.
A América Latina como Destino dos Imigrantes: Brasil e Argentina (1870-1930)
99
diminuíram, voltando a crescer apenas às vésperas da Primeira Guerra Mundial. Em
1911, chegaram a São Paulo 61.508 estrangeiros. Em 1912, foram 98.640 e 116.640 em
1913. O Relatório apresentado pelo Secretário da Agricultura, Dr. Antônio de Pádua
Salles ao Presidente do Estado em 1912, referente aos anos de 1910 e 1911, afirma que
o aumento geral da imigração em 1911 deveria ser atribuído, primeiramente à alta do
preço do café, que se refletia nas condições econômicas, determinando maior procura
nas fazendas e em outros setores do mercado laboral por mão de obra; em segundo lugar,
às medidas adotadas pelo governo, aumentando o subsídio às passagens e permitindo a
introdução de outros imigrantes além de agricultores (atitude essa tomada visando evitar
a saída de braços da lavoura para outros serviços), influenciaram o crescimento da imi-
gração subsidiada (RSASP, 1912, p. 122). Já o Relatório da Secretaria da Agricultura para
os anos de 1912-1913 observa que o aumento na entrada de imigrantes nesses anos era
em razão do crescimento do setor industrial entre 1911 e 1913; o crescimento da imigra-
ção espontânea se devia à grande demanda por operários, sendo que em 1912 entraram
no estado 53.613 imigrantes e em 1913, 60.063 espontâneos. A imigração destinada à
lavoura também se desenvolveu, tendo recebido 45.334 imigrantes em 1912 e 59.694
em 1913 (RSASP, 1914, p. 178-179).
A Primeira Guerra Mundial não paralisou por completo a vinda dos estrangeiros e,
entre os anos de 1914 e 1918, entraram 114.103 imigrantes no estado. No entanto, os
relatórios analisados mostravam a preocupação das autoridades com uma possível es-
cassez de braços em virtuda das baixas entradas de imigrantes nesses anos e do aumento
da emigração (RSASP, 1918, p. 150-151; RSASP, 1917, p. 110-111). De 1921 a 1930,
entraram no estado 486.149 imigrantes, sendo o ano mais representativo desse período
o de 1926, quando chegaram a São Paulo 76.796 imigrantes (RSASP, vários anos).
Os italianos representaram o maior grupo de estrangeiros a entrar no país no perío-
do estudado e, em sua grande maioria, se dirigiram para o estado de São Paulo. Durante
o último quartel do século XIX, a América recebeu mais da metade do total de imigran-
tes saídos da Itália. Os imigrantes que possuíam mais dinheiro e podendo, assim, pagar
sua própria passagem para a América Latina para lá se dirigiam, onde as perspectivas de
vida eram melhores, os problemas com a língua eram menores e a adaptação cultural
era mais fácil.
Segundo o Klein (1989), o fluxo de imigrantes italianos que se dirigiu para o Bra-
sil e para a Argentina era semelhante, sendo a grande maioria trabalhadores agrícolas.
Na década de 1870 e 1880, a Argentina foi a principal receptora. Depois da abolição da
escravidão ao final da década de 1880 e o uso de mão de obra subsidiada nas lavouras
cafeeiras paulistas, o Brasil “emergiu temporariamente como a principal zona de imigração,
apesar do aumento constante da imigração italiana tanto para os Estados Unidos como para
a Argentina”. Notícias de maus-tratos e péssimas condições de vida fizeram com que o
governo italiano, em 1902, proibisse a imigração subsidiada para o Brasil, diminuindo
pela metade o fluxo de italianos para o país.
Para o estado de São Paulo, tem-se, nas décadas de 1890 e 1900, o predomínio dos
italianos, correspondendo a 58,5% e 47,48% do total de imigrantes entrados no estado.
No início da segunda metade da década de 1910, as nacionalidades dos imigrantes que
André Luiz Lanza e Maria Lucia Lamounier — Cadernos Prolam/USP 14 (26): p. 90-107 [2015]
100
entravam no estado de São Paulo começaram a se modificar. Os italianos, que vinham
mantendo a liderança, foram superados pelos espanhóis nos anos de 1905, 1906 e 1909.
O Relatório da Secretaria da Agricultura de 1905 apresentado ao Presidente do
Estado pelo Dr. Carlos Botelho, Secretário da Agricultura já afirmava que a imigração
espanhola vinha ganhando impulso e tomando o lugar da italiana que, desde 1902, vinha
perdendo representatividade com o fim do pagamento de subsídios a esta nacionalidade.
O relatório ainda afirma que:
o desenvolvimento da imigração hespanhola, além de alimentar a corrente de braços indis-
pensáveis à lavoura cafeeira, na medida conveniente, creará novas e mais estreiras relações
commerciaes com a Hespanha, facilitando o comercio directo e o aumento das permutas,
tendo já sido assignalada a presença neste Estado de viajantes comerciaes hespanhoes, in-
cumbidos de promover a colocação em nossas praças de produtos daquele paíz” (RSASP,
1906, p. 114).
Já, nos anos 1910, os espanhóis passaram a assumir a liderança com 30,30%, segui-
dos pelos portugueses com 29,71% e pelos italianos com 23,70%. Na década de 1920,
os portugueses correspondiam a 23,27%, os italianos, a 15,3%, os espanhóis, a 13% e os
japoneses, a 11% das entradas de imigrantes (RSASP, 1929, p. 217).
4 A IMIGRAÇÃO NA ARGENTINA
Na Argentina, o início dos debates sobre a promoção da imigração ocorreu nas
primeiras décadas do século XIX. A imigração também era vista como a solução para a
escassez populacional em determinadas regiões e para a contínua expansão da economia
de agroexportação. Além disso, a imigração, principalmente, a europeia, assim como
no Brasil, também era vista como parte fundamental do processo de transformação da
sociedade argentina em uma sociedade moderna.
Juan Bautista Alberdi afirmava que os imigrantes, por serem portadores de um con-
junto de hábitos e valores especiais que, incutidos na população local, levariam à civili-
zação da sociedade e à modernização da Argentina, deveriam mudar o país. A essência
de seu pensamento pode ser sintetizada na frase “Gobernar es poblar” que serviu como
fonte de inspiração para a Constituição de 1853 (ALBERDI, 1916, p. 15-89).
Para Bartolomé Mitre, Presidente durante o período de 1861-1868, os imigrantes deve-
riam “convalidar um destino de grandeza, integrando-se ao curso de uma identidade histórico-cul-
tural preexistente” (DEVOTO, 2000, p. 36). No programa de Domingos Faustino Sarmiento,
os imigrantes também tinham um papel central de realizarem mudanças na sociedade não
somente no sentido de possuírem valores e hábitos superiores, mas também no sentido de
servirem como trabalhadores agrícolas (DEVOTO, 2000, p. 35). Para uma revisão detalhada
das políticas migratórias argentinas e do pensamento vigente à época sobre o tema, ver dentre
outros: Devoto (2000); Sanchez-Alonso (2013); e Lanza (2015, p. 55-73).
A visão dominante era que, para transformar radicalmente a sociedade, era neces-
sário trazer a Europa à América. Somente a partir de meados do século XIX, a imigração
A América Latina como Destino dos Imigrantes: Brasil e Argentina (1870-1930)
101
ganharia força, com a aprovação de uma constituição de cunho liberal em 1853 onde
ficou estabelecido que a imigração europeia era uma questão nacional. Os governos que
a sucederam promoveram políticas de fomento à imigração.
O extermínio indígena, a ampliação das fronteiras e a promoção da imigração cons-
tituíam as principais ações a serem empreendidas pelo poder oficial visando modificar a
realidade territorial e populacional da Argentina. Diferenciando-se do Brasil, a Argentina
não teve um programa de subsídios bem-sucedido, ainda que tenha havido a tentativa
de implantar um no final da década de 1880(4). Por mais que tenha havido tentativas de
modificar o caráter aberto da política imigração, mediante decretos nas primeiras déca-
das do século XX, estes não tiveram resultados e a imigração permaneceu um fenômeno
contínuo até 1930. A imigração predominante na Argentina foi a imigração espontânea.
As circunstâncias que permitiram a corrente imigratória ocorrida nas últimas déca-
das do século XIX e começo do século XX na Argentina estavam relacionadas a fatores
externos e internos. Na Europa, a crise econômica vivida nas décadas de 1880 e 1890,
principalmente, na Itália e na Espanha, impulsionaram a saída de seus cidadãos para os
países do Novo Mundo. Na Argentina, o fim da “ameaça indígena”, com a Conquista do
Deserto pelo General Roca, o fim das guerras civis e a consolidação do governo nacional,
estabilizaram a vida política e econômica do país e aliado aos investimentos em infraes-
trutura e a expansão da agropecuária exportadora tornaram o país atrativo aos imigrantes.
Rapoport (2000, p. 40) afirma que:
a conjunção de ambos fatores, internos e externos, somados a estrutura latifundiária de
propriedade de terra (grandes extensões de terra em poucas mãos) e ao predomínio da
região do litoral e de suas cidades portuárias, tornam possível compreender o momento, a
magnitude e as modalidades do processo de imigração e de seus efeitos sobre o desenvolvi-
mento econômico nacional (RAPOPORT, 2000, p. 40).
Por volta de 1880, já haviam entrado no país cerca de 440 mil europeus. Dado o
tamanho relativamente pequeno da população argentina, a imigração teve um grande
impacto no em seu crescimento nas décadas seguintes; em 1914, os estrangeiros corres-
pondiam a aproximadamente 30% da população total do país (KLEIN, 2000, p. 21-22).
Conforme as terras eram postas à disposição pela Conquista do Deserto e da inte-
gração realizada pelas ferrovias, dois problemas surgiam na Argentina: a falta de popu-
lação para colonizar essas novas regiões e a escassez de mão de obra para trabalhá-las.
Lattes e Sautu (1978, p. 14-16) afirmam que, entre 1870 e 1930, a demanda por mão
de obra, escassa no país, para sustentar a expansão do setor agroexportador, trouxe mi-
(4) O governo argentino tentou, sem sucesso, implementar um programa de subsídios visando reorientar regionalmente
o fluxo migratório, graças à predominância de italianos e espanhóis entre os chegados à Argentina e à ideia de que os
imigrantes civilizados e capazes de mudar o país seriam os do norte da Europa. O programa tinha o objetivo de conce-
der 200.000 passagens, excluindo formalmente os italianos, no seu período de vigência entre 1888 e março de 1891.
No entanto, essa política conseguiu atrair apenas 134.000 estrangeiros entre 1888 e 1890, equivalente a um quarto do
total das entradas registradas no período, quando o programa chegou ao fim por causa da crise econômica que atingiu
a Argentina naquele ano (DEVOTO, 2002, p. 251-254).
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lhares de imigrantes para o país. O nível de salários locais mais altos que nos países de
origem serviram de incentivo para a vinda dos imigrantes europeus.
De acordo com Solberg (1982, p. 132), a Argentina promoveu imigração com o
intuito de povoar seus espaços vazios e prover a força de trabalho essencial para o de-
senvolvimento agrícola. O autor sustenta que a chave do sucesso da Argentina em atrair
imigrantes residia nas políticas governamentais, aceitando todos os imigrantes europeus
sadios independente de sua etnia (SOLBERG, 1982, p. 135).
Os milhões de imigrantes chegados à Argentina entre 1870 e 1930 aspiravam en-
contrar no meio rural a prosperidade e a liberdade, ambos incertos para os pobres na
Europa. Para Galiani e Gerchunoff (2007, p. 125), foi somente com a oferta substancial
de mão de obra imigrante que o problema da escassez aguda de trabalho na Argentina foi
resolvido. Além disso, o crescimento da força de trabalho promovida pela imigração
foi um dos fatores essenciais da expansão da área cultivada na Argentina, que na região
dos pampas passou de 5 milhões de hectares em 1895 para 25 milhões em 1930.
A demanda por trabalho era altamente sazonal, segundo os autores. Dois tipos de
trabalhadores eram necessários para a agricultura arável nos pampas: o primeiro, eram
os de caráter sazonal, que tivessem disposição para o trabalho durante os períodos de
alta demanda e o segundo, os para o trabalho durante todo o ano (GALIANI; GER-
CHUNOFF, 2007, p. 125-127).
Lattes e Lattes (1975) também afirmam que a imigração na Argentina não foi um
fenômeno estável ou contínuo ao longo do tempo, tendo as entradas e saídas apresenta-
do intensa variação, marcada por uma alta proporção de retornos. Dentre os retornados,
principalmente, entre o final do século XIX e começo do XX, merecem destaque os imi-
grantes golondrinas – trabalhadores temporários atraídos pelos altos salários pagos nos
períodos de maior demanda por mão de obra na agricultura (LATTES; LATTES, 1975, p.
61). A Argentina foi o país que mais recebeu imigrantes na América Latina no período:
mais de 6,4 milhões de estrangeiros entraram no país entre 1870 a 1930.
As entradas de imigrantes na Argentina apresentaram variações ao longo do tempo.
Durante a segunda metade da década de 1850, as entradas de imigrantes no país platino
foram de, em média, 5.000 imigrantes por ano, apresentando crescimento contínuo nas
entradas nas décadas seguintes, até atingir, em 1873, o ápice daquela década, 76.332
imigrantes. Entre 1873 e 1876, a deterioração dos preços de exportação, afetando a
balança comercial e a balança de pagamentos, agravada pelo déficit das contas públicas,
obrigou o governo a ajustar os gastos governamentais, levando a uma crise econômica
na Argentina que impactou a entrada de estrangeiros no país. Em 1876, as entradas di-
minuíram para 30.965 imigrantes, menos da metade dos números registrados em anos
anteriores, se recuperando apenas no final da década. A aprovação da Lei Avellaneda em
1876, visando à promoção da imigração, somente apresentou resultados em 1883, ano
em que as entradas superaram as cifras registradas em 1873 (LANZA, 2015, p. 98). O
Censo da cidade de Buenos Aires para o ano de 1887(5) explica as reduções de entradas
de imigrantes no país, em alguns anos, como segue:
(5) Referiremo-nos ao Censo General de Población, Edificación, Comercio e Industrias de La Ciudad de Buenos Aires por meio
da abreviação “CGCBA”.
A América Latina como Destino dos Imigrantes: Brasil e Argentina (1870-1930)
103
El considerable descenso que se observa en la inmigración del año 1871, es debido a la fie-
bre amarilla que, en aquel tiempo, hizo grandes estragos en la población de Buenos Aires.
En el año 1874, sobrevino una grave crisis económica, cuyos efectos se sintieron hasta el
año 1878. El decaimiento de la producción en general y una baja pronunciada en todos los
valores, acarrearon un descenso notable en la inmigración. En 1880 eran los disturbios po-
líticos que acompañaban la renovación del poder ejecutivo nacional, los que determinaron
una merma en la cifra de los inmigrantes. Finalmente, en 1886, fue el cólera la causa de la
disminución de la mencionada cifra inmigratoria (CGCBA, 1889, p. 508-509).
A década de 1880, com a expansão da fronteira, Conquista do Deserto e ligação da
pampa com o litoral por meio das vias férreas e, assim, comunicando a região agroexporta-
dora com os mercados mundiais, foi marcada pelo aumento nas entradas anuais de estran-
geiros. Entre 1880 e 1889, as entradas foram, em média, de 100.000 estrangeiros por ano.
Segundo Devoto (2007), tanto as oportunidades oferecidas na zona rural na Argentina
quanto a crise em algumas regiões campestres da Europa, contribuíram para o traslado de
famílias camponesas que emigravam conjuntamente (DEVOTO, 2007, p. 543).
Segundo o autor, a ampliação das oportunidades ocorreu tanto no campo, acompa-
nhando a expansão cerealífera, quanto nas cidades, seguindo o compasso da construção
da infraestrutura urbana, das obras de edificações públicas e privadas e dos sistemas de
transportes (DEVOTO, 2007, p. 543-545).
A crise econômica de 1890 refletiu-se na imigração. Entre 1890 e 1898, as entradas
declinaram para uma média de 72.000 ao ano. No início do primeiro decênio do século
XX, esse número disparou novamente para 231.000 por ano aumentando ainda mais nos
anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial. Devoto (2007) afirma ter ocorrido
nesse período a maior onda de imigração para a Argentina, “condicionada pela continui-
dade da expansão da fronteira agropecuária e pela expansão industrial que a acompanha a
um ritmo ainda maior, como produto de um efeito de encadeamento com o setor rural e do
enorme aumento do mercado de consumidores urbanos que o mesmo abastecia” (DEVOTO,
2007, p. 545).
Segundo Hora (2010), entre 1905 e 1913, entraram na Argentina ao redor de
300.000 estrangeiros por ano o que representava uma entrada anual superior a 7% da
população total do país (HORA, 2010, p. 173). As cifras referentes à imigração na Ar-
gentina entre 1870 e 1914 mostram os imigrantes notadamente elásticos perante as va-
riações na demanda por trabalho. Os dados disponíveis mostram a influência das crises
econômicas vividas pelo país nesse período sobre a imigração. A crise ocorrida no meio
dos anos 1870 e a crise de 1890 foram acompanhadas por diminuição nas entradas e
aumento nas saídas. De acordo com Bourdé (1977):
a conjuntura econômica argentina impõe o ritmo do movimento da corrente imigratória
transoceânica. As fases de expansão – de 1860 a 1873, de 1880 a 1889, de 1903 a 1913 e
de 1919 a 1929 – coincidem com os períodos de afluência massiva de imigrantes. Inversa-
mente, as crises cíclicas de 1873, 1880, 1890, 1896, 1901, 1913, as prolongadas recessões
de 1890 a 1902, de 1929 a 1939 e as duas guerras mundiais interromperam ou reduziram a
corrente. A oferta de empregos no país receptor determina diretamente o fluxo de imigran-
tes (BOURDÉ, 1977, p. 130).
André Luiz Lanza e Maria Lucia Lamounier — Cadernos Prolam/USP 14 (26): p. 90-107 [2015]
104
A recuperação econômica da Argentina depois do término da Primeira Guerra Mun-
dial marca uma nova etapa no movimento migratório para o país que duraria até a crise
dos anos 1930. Devoto (2007) aponta também para a lei de quotas dos Estados Unidos,
de 1921 e 1924, restringindo a entrada de imigrantes naquele país, especialmente, para
os europeus do leste e do sul, como contribuição para as entradas registradas na década
de 1920 na Argentina, principalmente, de judeus e poloneses. Ainda que o país também
tenha colocado em prática medidas restritivas à imigração, estas não surtiram efeito. Na
década de 1920, a Argentina recebeu 1.397.415 estrangeiros.
Assim como no caso do Brasil, os italianos formaram o grupo de maior predomi-
nância entre os estrangeiros imigrados para a Argentina e também os que se concentra-
ram nas regiões mais dinâmicas e avançadas do país. De acordo com Klein (1989):
Na Argentina, os italianos foram o primeiro grande grupo de imigrantes a chegar e puderam
estabelecer normas de integração dos imigrantes. Eles tanto predominavam no grupo de
pessoas nascidas no exterior, como constituíam uma minoria substancial da população total
(representavam 39% dos nascidos no exterior e 12% da população total em 1914). Final-
mente, eles estavam concentrados na região costeira, que era o centro tanto da agricultura
comercial, como de toda a atividade industrial (KLEIN, 1989, p. 101).
Os italianos se destacaram em todo o período e, apenas durante a década de 1910,
os espanhóis ocuparam o primeiro lugar, correspondendo a 68% das entradas. Solberg
(1982, p. 149) afirma que milhões de italianos viam a Argentina como a terra prometi-
da, onde os pobres recém-chegados poderiam encontrar a prosperidade e onde a língua
não representava uma barreira à assimilação dos imigrantes no mercado de trabalho.
Para Klein (1989), a principal motivação para a ida desse grupo de imigrantes para a
Argentina era a grande disponibilidade de terras e possibilidade de se tornar agricultor
(KLEIN, 1989, p. 104).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A literatura revelou muitas semelhanças e também muitas diferenças nos proces-
sos de imigração para São Paulo e para Buenos Aires. De acordo com a historiografia,
durante todo o século XIX, os dois países buscaram formas de atrair imigrantes com o
objetivo de povoar seus interiores e fornecer braços para as lavouras agroexportadoras.
A partir de 1870, mudanças no cenário internacional impulsionaram o desenvol-
vimento econômico do Brasil e da Argentina, o que teve relação direta com o aumento
das entradas de estrangeiros em ambos os países. O aumento da demanda global por
matéria-prima levou à inserção do Brasil e da Argentina no comércio internacional, o
que, por sua vez, fez com que ambas as economias, especializadas em produtos primá-
rios, se expandissem.
No Brasil, o motor da economia agroexportadora era o café, produzido nos estados
do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e, principalmente, de São Paulo. Na Argentina, o mo-
tor estava centrado na produção de cereais e de produtos pecuários, como a carne, o char-
A América Latina como Destino dos Imigrantes: Brasil e Argentina (1870-1930)
105
que e a lã na província de Buenos Aires. Outro fator derivado diretamente da expansão do
setor primário foi o aumento da demanda por mão de obra, escassa em ambos os países.
Dentre os imigrantes vindos ao Brasil e a São Paulo, as nacionalidades que mais se
destacaram foram os italianos, portugueses e espanhóis que juntas representaram mais
de 77% do total de imigrantes. Os italianos representaram o maior grupo de estrangeiros
a entrar no país no período estudado. A crise da mão de obra em São Paulo coincidiu
com os anos de crise econômica italiana, tanto no setor rural quanto no urbano, durante
a década de 1880 e até meados dos anos 1890. Os que buscavam uma vida melhor viam
uma oportunidade de fazer fortuna em São Paulo. Ainda que não fizessem parte dos
imigrantes ideais, a partir da segunda metade da década de 1900, a entrada de imigrantes
japoneses ganha força, movida pela contínua necessidade de braços para as lavouras.
Na Argentina, os italianos e os espanhóis foram as nacionalidades que mais se
destacaram dentre os imigrantes que chegaram no país. Aproximadamente, 2.900.000
italianos e 2.000.000 de espanhóis entraram na Argentina entre 1857 e 1930. Juntos
representaram 76% do total. Na década de 1920, novas nacionalidades de imigrantes
passaram contribuir para o cômputo total das entradas no país platino, como os polacos
e judeus russos.
Nota-se que, nos períodos em que a economia argentina ou a brasileira entravam
em crise, o fluxo migratório tendia a se direcionar para um ou para o outro país. Quan-
do a Argentina entrou em crise na década de 1890, a imigração para o Brasil ganhou
forças, impulsionada pelo fim da imigração e pelo crescimento da produção cafeeira
em São Paulo. Na primeira década do século XX, a crise na agricultura, a proibição na
Itália da imigração subsidiada para São Paulo e, na Argentina, a recuperação econômica,
desenvolvimento industrial e contínua expansão da fronteira agrícola impulsionaram e
condicionaram a imigração para o país platino.
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Júlio Prestes de Albuquerque, Presidente do estado, pelo Dr. Fernando Costa, Secretário da Agricultura,
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